quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Como tudo começou..


Foi erguida em agosto deste ano, na cidade de Rio Branco, localizada em meio à floresta Amazônica, uma enorme tenda de circo no residencial Eldorado, um lugar com projetos habitacionais feitos pelo Programa de Aceleração de Crescimento (PAC). Uma novidade na comunidade, muitos ali nunca tinham visto uma estrutura como aquela tão de perto. Era o projeto Rumos ao Novo Eldorado: Uma experiência de Desenvolvimento Integrado e Sustentável no Acre que fincava o pau de roda (estrutura de metal) e estendia a lona para criar um show com a própria comunidade. Mas a preparação para aquele momento começou bem antes do mês de agosto.

Alcinethe Damasceno, coordenadora do projeto, lembra que o Novos Rumos, como também é conhecido, é financiado pelo Fundo Socioambiental da Caixa. Ela se orgulha da ação ser uma das onze iniciativas aprovadas em todo o país no Programa de Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Território (DIST). “No Brasil inteiro foram universidades, ONGs, institutos, e só no Acre venceu uma empresa, no caso a Ciranda, que trabalha com cultura, comunicação e meio ambiente”, conta.

Usar uma estrutura de circo para fazer as atividades na comunidade sempre foi um diferencial do projeto. “Essa proposta de ter o circo é pela itinerância, as possibilidades que o circo nos permite, de ser um espaço amplo, lúdico, que atenda às necessidades da comunidade, que não tem espaços comunitários”, afirma Alcinethe.

Depois do projeto aprovado, foram reuniões, passeios, pesquisas, mais reuniões, contatos, trocas de ideias, atividades... Um exemplo foi o passeio feito com a comunidade no Centro Histórico do Quixadá, local histórico que existe na regional.

Fizemos uma expedição no Sítio Histórico do Quixadá, com um ator representando um idoso, para conhecer esse território histórico e geográfico. Porque essas pessoas vieram de outros locais e não conheciam a região onde estavam vivendo. Faz parte do nosso trabalho criar essa nova unidade, estabelecer um vínculo entre os moradores e o lugar”, afirma.



Também foi construída uma relação entre as pessoas que trabalhavam no projeto e as que viviam no local antes de finalmente o circo ser erguido. “Não tínhamos a tenda grande, então substituímos por pequenos gazebos e as atividades aconteciam da mesma forma: nos terreiros, nas ruas, espaços que conseguíamos ter uma manutenção. Ocorriam atividades com palhaços, de educação ambiental, grafite, cinema, dança e esporte”, lembra a coordenadora.

E olha que este não foi um ano fácil para o projeto. Muitos obstáculos tiveram que ser superados. O Rio Acre alagou, deixando inúmeras famílias desabrigadas. O Rio Madeira transbordou e o Acre ficou isolado por semanas do restante do Brasil, impedindo que alimentos, encomendas e o circo chegassem ao estado. A Copa atrasou ainda mais o projeto, porque no país do futebol, um evento como esse praticamente parou o Brasil por um mês. E ainda teve a eleição! Devido a tantas dificuldades, muitas coisas do projeto original precisaram ser adapta- das. Mas, em meio a tudo isso, o circo se ergueu e as atividades começaram. E com todas elas, as transformações lentas, gradativas, mas intensas.

O projeto vai além do lúdico, da cultura ensinada por meio da arte circense. Com produção de uma horta comunitária, hortiquintais e ensinamentos sobre a permacultura, a educação ambiental é um forte pilar desse projeto. A geração de renda e a economia criativa também são fatores importantes do trabalho, que trouxe benefícios sociais para a comunidade.

Quando a gente pensa em uma lona de circo, pensa em tudo que pode se movimentar em torno dela: aglomeração de pessoas, a geração de renda a partir dessa tenda, o aperfeiçoamento de produtos e serviços, tudo isso acontecendo dentro de feiras. Entendemos a cultura como uma base forte, realmente de transformação e de mudança social”, afirma Alcinethe.


A atividade circense vem aglomerar as pessoas e os ensinamentos nas diversas áreas. É a transformação através da cultura, do meio ambiente e da tecnologia social.

Porque aspectos culturais conseguem alcançar a comunidade em todas as faixas etárias. A gente tem visto isso. Se constituiu um grupo de adolescentes e crianças, que já fizeram apresentações, apesar do pouco tempo de oficinas para a atividade circense. Mas, levando em conta que aqui no Acre somos uma comunidade com a tradição de terreiros e quintais, as pessoas brincam na rua, saltam... Essas habilidades estão nas nossas crianças e isso é um potencial muito grande”, acredita a coordenadora.

Neste site, você vai descobrir mais sobre esse projeto e como ele, aos poucos, foi modificando a vida no Eldorado.








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