sexta-feira, 6 de março de 2015

Reciclagem



O saco de cimento é um ótimo produto para reciclagem. É muito fácil! É só abrir o saco de cimento pela boca, sem rasgar. Então, corte o fundo e o topo com uma tesoura. Vão ficar dois sacos, um interno - que tem contato com o cimento, e outro externo. Corte novamente na emenda dos sacos, de forma a abri-los verticalmente, você terá então duas folhas de papel. Coloque-as dentro de um recipiente grande com água da chuva, apenas para limpar rapidamente, e estenda em um varal.

Após secar, o papel pode ser usado para confeccionar vários produtos, como cadernos, bolsas, usar para impressões, produzir imãs de geladeira, papel machê, pastas etc. 





É o fim?


Todo mundo sabe que circo não fica sempre no mesmo lugar. Eles circulam de cidade em cidade para mostrar suas apresentações. Todo circo é assim.

Durante meses, as crianças do Eldorado aproveitavam todo o tempo livre para ir ao circo e aprender a arte circense. Entre andar de monociclo e fazer malabarismo com bolas, eles também descobriram sobre a importância do meio ambiente e incentivaram seus pais a participaram das aulas de manicure e pedicure, pintura de parede ou informática.

Mas está chegando o fim do projeto e a hora de levantar a tenda e guardar as coisas.

Ninguém quer que o projeto saia do Eldorado, as pesquisas feitas pela Ciranda mostram que todos querem que o projeto continue na comunidade. Para Alcinethe Damasceno, o ideal é que o projeto pudesse ficar por pelo menos três anos. Mas como tudo depende de dinheiro, chega a hora de arrecadar verba para que o projeto continue. “Queremos buscar parcerias com o estado e o município, já temos uma estrutura de contrapartida”, diz a coordenadora do projeto.

A ideia é que o circo possa circular também em outras regionais de Rio Branco e, se possível, em outros municípios acreanos.

Marcus Alexandre, o prefeito de Rio Branco, já demonstrou interesse em perpetuar as ações do projeto. “É um projeto fantástico, que envolve mobilização, capacitação, comunicação e cultura, educação ambiental, esporte. É um trabalho tão bonito que vamos apoiar a continuidade da experiência”, disse.

O que isso significa? Será que o circo vai acabar no Eldorado? Na verdade, não.

Mesmo que não possa continuar na região do Eldorado, o circo fica no aprendizado das crianças, sobre disciplina, trabalho duro, es- forço e treino. Fica na comunidade, que deverá tocar para frente a horta comunitária e os permaquintais. Estará no salão de beleza da Shirlley, ou no trabalho de manicure da Aline.

O Circo Eldorado vive enquanto qualquer pessoa que teve contato com ele utilizar o que aprendeu no projeto para mudar de vida e melhorar a sua realidade e de todos ao seu redor. Você não vai deixar o circo morrer, vai?

Então nos ajude a deixar ele sempre vivo, afinal... O espetáculo tem que continuar!

De onde vem o circo?


Das acrobacias usadas como treinamento pelos guerreiros chineses até a doma de animais na Roma antiga, a arte circense está no mundo a milhares de anos. O primeiro circo a se tornar famoso foi o Circus Maximus, inaugurado no século 6 a.C, que tinha como atrações: corridas de carruagens, lutas de gladiadores, apresentações de animais selvagens e de pessoas com habilidades incomuns. O local tinha espaço para mais de 150 mil pessoas e foi destruído por um grande incêndio.

Com o fim do império romano, os artistas populares passaram a improvisar suas apresentações em praças públicas, feiras e entradas de igrejas. Dessa forma nasciam as famílias de saltimbancos, que viajavam de cidade em cidade para se apresentar com espetáculos de malabarismo, dança e teatro.

O circo moderno, com picadeiro circular e as atrações que até hoje compõem as apresentações circenses, só surgiu na Inglaterra do século 18. Em 1768 o ex-militar inglês Philip Astley inaugurou, em Londres, o Anfiteatro Real das Artes para exibições equestres. Ele começou a alternar as apresentações com números de palhaços, acrobacias e malabarismo para quebrar a seriedade dos espetáculos. O sucesso foi tão grande que o circo inglês começou a ser imitado em todo o mundo.

No Brasil, o circo foi começar no século 19, com as famílias vindas da Europa, que se agrupavam em guetos e faziam interpretações teatrais. Também vieram ao país os ciganos, que eram perseguidos na Europa, e tinham uma ligação forte com o circo. Eles viajavam pelo país e adaptavam seus espetáculos ao gosto da população local, se um número não agradava o público, rapidamente era retirado das apresentações. Entre suas especialidades incluíam-se a apresentação de domadores de ursos, ilusionistas e exibições com cavalos.


Com a palavra, o porta voz da comunidade!


Gratidão. Esta é palavra mais utilizada por Francisco Valeriano, de 61 anos, morador e representante da comunidade do residencial Eldorado, quando o assunto é o projeto Novos Rumos. Pare ele, que está no bairro desde sua criação e conhece de perto as carências do lugar, nada trouxe tantos benefícios para as 517 famílias que residem nos residenciais, além de todas as pessoas que vivem na Regional São Francisco.

A ideia de ter um circo assim, tão pertinho de casa, foi vista inicialmente com estranheza por alguns. Mas, foi assimilada rapidamente por Valeriano. “Desde as primeiras reuniões, quando a proposta foi apresentada, eu já entendi como funcionaria e o que aquilo significaria para nós. Algo muito além da diversão. Eu acreditei e acredito até hoje”, diz.

O projeto financiado pelo Fundo Socioambiental da Caixa esbarrou em algumas dificuldades para sair do papel, como a cheia do Rio Madeira, em Porto Velho (RO), que isolou o Acre dos demais estados e atrasou a chegada dos materiais para a montagem da tenda onde hoje funciona o circo.

Francisco lembra as primeiras impressões que teve ao ver o circo armado. “Senti uma mistura de alegria e satisfação por ter aquele evento ali, onde vivem aquelas pessoas que não tinham onde se divertir. Vi todos alegres por terem aquele espaço. A comunidade não tinha nada de entretenimento ou atividades”, comenta.

Mas nem só de entretenimento vive uma comunidade, muito menos um circo. Pelo menos não este. Ainda segundo seu Francisco, o projeto modificou a vida e a rotina dos moradores de maneira ainda mais profunda, diminuindo a criminalidade, gerando emprego e renda com o oferecimento de oficinas e cursos profissionalizantes, a criação de uma horta comunitária e a promoção de feiras livres.

Do pequeno ao grande, todos foram beneficiados. Trouxe alegria para criançada, cursos de informática, manicure, culinária aos jovens e adultos. São pessoas que estão prontas para exercer uma profissão, uma nova forma de ganhar o pão de cada dia. Quem vai reclamar de algo assim?”, finaliza seu Francisco.

Todo circo tem seu palhaço


Na vida real ele é o Rogério Barcellos, professor de ciências. No mundo encantado do circo - o palhaço “Microbinho” - que faz a alegria da garotada que participa do projeto Rumos ao Novo Eldorado.

Foram dois meses de oficina de circo, com muita diversão, mas também com responsabilidade. Neste período, Microbinho ensinou para as crianças e adolescentes do bairro noções básicas de malabarismo, monociclismo, perna de pau, acrobacia de solo e, claro, como ser um bom palhaço. Já que ele começou a se apresentar artisticamente aos cinco anos de idade.

Durante esse período de trabalho no Eldorado, Rogério, ou o palhaço Microbinho, revela o interesse da meninada pelo mundo do circo. “Eles se amarram, gostam muito. Tem interesse em aprender a técnicas do circo. No começo, eles chegavam e diziam ‘tio, vamos brincar logo disso ou daquilo’. Hoje, eles sabem que o que fazemos aqui é um treino e isso serve muito para a vida deles. Ajuda a ter disciplina e comprometimento”, diz.

Sobre sua participação no projeto, ele afirma com alegria: “Ter uma tenda de circo fixa montada nessa comunidade renova minha esperança como artista”.



“Corre, que tá passando a carroça”


Não existe no Novo Eldorado nenhuma criança que não se anime quando encontra com a carroça colorida chegando pelo residencial, acompanhada por Álvaro Costa, conhecido como o “tio do boi”. Ela é usada para a Rádio da Alegria, que passa pelas ruas dando recados importantes para a comunidade e dicas sobre educação ambiental e sanitária.

De acordo com a coordenadora do projeto, Alcinete Damasceno, a carroça é uma ferramenta comunicacional alternativa, que se torna um atrativo por onde passa. Já foi usada em outro bairro da capital, o Mocinha Magalhães, e deu muito certo.

Aqui, na comunidade, realizamos uma pesquisa que mostra que 98% dos moradores já viram e interagiram com a carroça e suas atividades”, disse.

Também é usada para leituras coletivas, no projeto Carroça da Sabedoria. Todo mundo embarca nela e as histórias começam a ser contadas ao longo do passeio, fazendo a alegria da meninada e despertando a curiosidade e a atenção de quem acompanha a carroça, o boi e a criançada.

No momento em que embarcamos as crianças, elas se tornam protagonistas das histórias, o que faz com que a atividade seja abrilhantada e compartilhada entre to- dos”, finaliza a coordenadora.

A Trupe das Crianças


 A trupe formada por crianças do Circo El Dorado é grande e dinâmica. O grupo pode oscilar entre oito a mais de vinte crianças, dependendo do dia. Alguns já se conheciam das brincadeiras de rua, ou da escola. Eles aproveitam qualquer tempo livre para estar no circo, e quando não estão participando das aulas de arte circense, estão fazendo o curso de dança, pintando ou treinando com os equipamentos do circo.

Nós sentamos com quatro meninos que fazem parte dessa trupe: Bruno da Silva Moura, de 11 anos, Igor di Paula, 11 anos, Pedro Henrique, 13 anos, e Thallik da Silva Oliveira, de 9 anos. Mas eles são uma pequena parte desse grupo de crianças que anima as tardes no Circo Eldorado.

Eles contam que nunca tinham visto um circo pessoalmente. “É muito mais legal ao vivo”, diz Bruno. Igor complementa o pensamento do amigo: “Na televisão é ficção, aqui é a nossa realidade”, explica.


Mesmo assim, nenhum deles deseja trabalhar com o circo quando crescer. “É muito divertido o circo, mas tem que ter muita responsabilidade”, afirma Igor, que ainda não decidiu qual será sua futura profissão. “Ainda sou muito novo para pensar nessas coisas”, diz logo. Já Pedro e Thaillik compartilham o mesmo sonho de ser policial. “E eu vou pro exército”, deseja Pedro.

Os quatro meninos visitam o circo todos os dias e têm opiniões surpreendentes sobre o projeto. Por exemplo, quando perguntamos qual a primeira palavra que vem na cabeça quando pensam no circo, Bruno e Igor logo dizem: responsabilidade e disciplina. “Depois vem a diversão, em terceiro”, completa Pedro Henrique.

Eles logo explicam que a disciplina e a responsabilidade são coisas muito importantes no circo, ensinadas pelos professores e produtores culturais que trabalham no projeto. “Tem a hora de brincar, mas também a hora de levar a bronca”, afirma Igor. O menino, que é o mais falante dos quatro, conta que aprendeu nos últimos meses que é preciso cuidar do circo. “Nós aprendemos a valorizar o circo, preservar. Tem gente que sobe em cima da lona, quebra, rasga. Quando vemos alguém bagunçando, avisamos, porque mesmo que não tenha sido um de nós que quebrou o circo, somos nós que vamos pagar por isso”, explica.


Com o projeto chegando à sua etapa final, os meninos já se preocupam com como vai ser a vida sem o circo. “Quando for embora eu vou viver na minha avó, como eu vivia antes. Eu só ficava na rua”, confessa Pedro Henrique. Bruno também lembra como era a vida antes do circo. “Eu só vivia na internet”, diz. Todos os meninos desejam a continuação do projeto e aproveitam cada momento que podem no circo.

As crianças da trupe são ativas e espertas. Aprendem rápido a mexer nos equipamentos e ninguém quer ficar para trás. Existe uma competição saudável entre eles. Os meninos também são danados. “É preciso ter um pulso firme”, diz Thompson Reis, um dos produtores culturais que trabalha no projeto e o professor de dança. “Se deixar, eles sobem onde não devem, quebram alguns equipamentos, fazem uma bagunça generalizada”, diz.

O “pulso firme” não diminui a admiração que as crianças têm pelos seus professores. “Uma coisa que me marcou no projeto foram os professores, pra mim eles não iam ter esse cuidado que têm com a gente. Pensei que iam ser mais rígidos, como na escola”, diz Igor. Ao seu lado, Bruno ri: “Eu ia falar a mesma coisa. Os professores, isso é o que tem de mais marcante no projeto”, afirma.